#27 – Quero abrir uma cafeteria com livros, estilo um sebo com um café
Não quero. Mas existe um ar romântico desejo nisso.
Um dia estava zapeando nas redes sociais e me deparei com um vídeo de um cara fazendo piada do desejo da namorada ou esposa dele querer abrir uma cafeteria que tivessem livros. Estilo um sebo. Um lugar com cultura, cafeína e se der até uns gatinhos rondando o local. Parece tão romântico e fofo. Acabamos vendo coisas assim nos livros. Seja uma cafeteria, uma biblioteca, uma padaria, uma chocolataria, uma loja de bolas, sempre tem algo envolvendo empreendedorismo, descoberta sobre um novo sentido na vida e sempre tem um romance no meio.
A escritora escocesa Jenny Colgan tem diversos livros sobre mudanças de vida. Ela é uma escritora de comédia romântica atual.
Em “A adorável loja de chocolates de Paris” sua personagem principal é supervisora de uma fábrica de chocolate e vai parar numa loja tradicional de chocolate (mudança de vida). Em outra obra, “A pequena ilha da Escócia”, a personagem principal muda de vida voltando as suas raízes escocesas e descobrindo uma paixão na culinária e se reconectando com suas raízes. Em “A padaria de finais felizes”, a personagem principal abre uma padaria após um relacionamento tóxico.
Lucy Diamond, escritora britânica, escreveu “O café na praia”, em que a personagem principal assume o café à beira-mar de uma tia que o deixou para ela como herança.
Enfim, são diversos livros que falam sobre mudança, sobre abrir um cafezinho na esquina, sobre dar uma guinada na virada transformando tudo para uma nova realidade.
Eu já até pensei como seria a minha cafeteria.
Ia querer mesa de madeiras grossas, com estantes de carvalho cheia de livros diversos no fundo, poltronas dispersas a frente com mesas de centro e mesas de 2 a 6 lugares espalhadas por um salão amplo. Poderia ser uma casa num sobradinho. Haveria um balcão cheio de bolos macios e doces deliciosos. Muitos pães artesanais expostos e a possibilidade de comer pain au chocolat e croissant de manteiga.
As cadeiras seriam acolchoadas num tom rosinha claro e outras num tom cinzinha mesclando de forma desordenada. Ia querer um vasinho transparente com água e flores vivas, um saleiro e pimenteiro de cerâmica branca, porta guardanapo de bambu sobre as mesas e o cardápio teria opção digital, mas também física porque é um saco quando acaba a bateria do celular. Ia querer tomadas no chão para os clientes carregarem o celular. Mas a Internet estaria disponível livre por 2h, mas para consumir mais teriam que comprar um pão ou água no mínimo porque o mundo é capitalista. Seria uma mistura de clássico com decoração industrial.
A verdade é que existe algo romântico em administrar um local que vende comida. Um restaurante fofo, uma padaria bonita ou uma cafeteria descolada. Eles representam uma fuga da vida urbana, um desejo de fugir do dia a dia e da rotina de ir para um escritório. Pelo menos para mim. Sair do mundo corporativo e ir para o mundo do empreendedorismo. Qual eu admiro imensamente porque não acho que tenho estrutura para esse mundo.
Recentemente li o livro “Todas as sextas” da Paola Carossela e ela fala sobre como foi difícil sair da cozinha e ir para o mundo dos negócios, das leis e da tributação, da papelada burocrática. Eu que achava que o livro era sobre ela reerguer os negócios trazendo um prato novo na sexta, me surpreendi a entender que ela trazia na sexta um momento para ela se conectar novamente com a cozinha.
Acho que a gente se afunda tanto na rotina e burocracia da vida (porque não temos escolhas) que precisamos resgatar esses momentos de nos conectarmos novamente conosco e com nossos desejos. O ruim de trabalhar com o que se ama é que você nunca faz só o que ama. O mundo adulto é cheio de papeladas, chatices e burocracias.
Então, precisamos caçar esse momento único de fazermos o que gostamos até dentro do nosso trabalho. Como a Paola conta no livro antes de abrir as receitas que faz. Porque ainda é um livro de receita.
O desejo de fugir da vida árdua que levamos às vezes se demonstra como um desejo de ir para uma ilha e mudar a sua própria vida. Como alguns livros de romance famosos que só me mostraram que o desejo de abrir uma cafeteira não é só meu porquê também está na literatura. As pessoas querem fugir da realidade, quem está pegando o trem lotado todo santo dia e levando bronca porque atrasou um relatório quer sair dessa vida.
Queremos desfrutar a vida com as coisas boas e não ficar afundado no meio de planilhas de Excel. Por isso, jogamos na Mega Sena, a gente quer mudar de vida. Por isso, livros de fuga fazem sucesso. Por isso, isekai na literatura e animação gráfica japonesa faz sucesso.
Meu desejo de abrir a minha cafeteria/sebo é a representatividade do momento que consigo sair do sufoco diário.
Acho que todos nós temos algo assim. E você? Qual é seu desejo para mudar a sua realidade? Você já fez uma mudança radical na sua vida?
Me conta aqui:
E sonhar, mesmo que não tenha intenção de efetivamente realizar o sonho, é uma forma de esperançar o futuro, dias belos, coisas boas que podem acontecer.
Por mais sonhos de cafés bonitos com livros ❤️
Verdade ♡ realmente é importante. A gente tem que se apegar muito a essas coisas incríveis que podem acontecer mesmo que seja só um sonho.